Até meados do século passado era possível frequentar o rio Pinheiros de São Paulo para praticar atividades aquáticas ou até mesmo para uma caminhada ecológica em seus arredores. Parece uma ideia distante, não é mesmo?
O que acontece é que ele se transformou num canal com pouca vazão de água, devido às obras que ocorreram no século passado. Não o bastante, a construção de rodovias limitou suas margens, ponto este que teve grande impacto ambiental.
Diversos problemas surgiram dos processos de urbanização não planejada, o principal deles é o despejo de toneladas de lixo e esgoto sem tratamento. Dados apontam que hoje, 80% da água do rio é composta por esgotos, recebendo efluentes líquidos de mais de 400 mil residências da Região Metropolitana de São Paulo.
Os poluentes na água, além de serem responsáveis pelo mau cheiro na região, estimulam processos bioquímicos que induzem à multiplicação de microrganismos nocivos à vida, como as bactérias decompositoras. Estas, por sua vez, se alimentam de matéria orgânica e reduzem a taxa de oxigênio dissolvido na água.
Além disso, em quantidade elevada, esses microrganismos dificultam a entrada de luz e consequentemente a fotossíntese das plantas. Resultado? A redução de oxigênio na água, o que leva à morte de peixes e outros seres aquáticos.
O odor, citado acima, é resultado das toxinas liberadas pela decomposição de material orgânico por parte das bactérias anaeróbicas (que não necessitam de ar para sobreviver). Dentre as toxinas liberadas estão o gás sulfídrico, que se inalado por muito tempo pode causar náuseas, tonturas e dor de cabeça.
Em 2001, a prefeitura do Estado de São Paulo testou um projeto de despoluição que injetava produtos químicos e oxigênio na água. Chamamos este processo de flotação. A ideia era que a sujeira subisse até a superfície e fosse retirada mecanicamente por peritos da área. Cancelado em 2011, o projeto contou com investimentos de R$160 milhões, porém, devido ao grande volume de sujeira, o projeto não venceu.
A recuperação de um rio do porte do Pinheiros não é impossível. Existem diversos métodos para que haja a restauração completa do local, como por exemplo técnicas microbiológicas e tratamentos físico-químicos, que podemos trazer com mais detalhes em um outro momento.
Recentemente o Governo de SP anunciou mais uma tentativa de despoluição do rio, o governador João Dória prevê ações para a conclusão do projeto até dezembro de 2022. Trata-se de um plano complexo que demanda um grande investimento. A etapa atual é o desassoreamento do rio.